A Decadência do Rock in Rio:
O Rock in Rio é um dos maiores e mais renomados festivais de música do mundo, criado em 1985 pelo empresário Roberto Medina. Embora o nome sugira uma ênfase no rock, o evento sempre contou com uma diversidade de gêneros musicais ao longo dos anos, incluindo pop, eletrônica, música brasileira e outros estilos.
O festival teve sua primeira edição no Rio de Janeiro, Brasil, mas ao longo dos anos expandiu-se para outros países, como Portugal, Espanha e Estados Unidos. A principal missão do Rock in Rio é proporcionar uma experiência completa de música e entretenimento, com apresentações de grandes artistas nacionais e internacionais, além de diversas atividades e atrações para o público.
Além da música, o Rock in Rio tem um forte compromisso com questões sociais e ambientais, promovendo campanhas de conscientização e sustentabilidade, como o “Rock in Rio por um Mundo Melhor”. O festival ocorre em grandes espaços, como a “Cidade do Rock”, uma estrutura montada especificamente para o evento, com capacidade para receber centenas de milhares de pessoas.
Já era o ROCK:
Você, fã de sertanejo ou sertanejo universitário, gostaria de presenciar, em um evento tradicional como o Rodeio de Barretos, shows de bandas como Metallica, Iron Maiden e Slipknot? Provavelmente você reconsideraria sua ida e expressaria sua insatisfação nas redes sociais. Foi algo semelhante ao que Roberto Medina, fundador do Rock in Rio, fez ao divulgar uma “noite brasileira” no festival, com a participação de Chitãozinho & Xororó, recebendo artistas como Luan Santana, Simone (ex-dupla com Simaria) e Ana Castela.
Independentemente de sua opinião sobre música sertaneja, a inclusão desse gênero no Rock in Rio distorce completamente a proposta original do festival. Os organizadores tentaram justificar essa escolha com a chamada “noite brasileira”, alegando que seria uma forma de valorizar a diversidade e os artistas nacionais. No entanto, a impressão que fica é de uma escolha sem muito critério, como se fosse uma compensação para os músicos nacionais. Nomes já recorrentes como Capital Inicial, Jota Quest e Carlinhos Brown continuam ocupando espaço no evento.
É importante lembrar que a deturpação não está no nome do festival, pois o Rock in Rio nunca foi exclusivamente dedicado ao rock. Embora esse gênero tenha sempre sido o ponto central, o evento também trouxe outros estilos musicais que, de alguma forma, dialogavam com o rock, como Ney Matogrosso. Em outras edições, houve momentos de esticar os limites, com artistas como Claudia Leitte, Al Jarreau e Katy Perry. Mesmo assim, esses músicos ocupavam um espaço na vertente pop do evento, que sempre existiu. Mas é difícil encaixar Chitãozinho & Xororó nessa lógica.
Não sou apenas eu que tenho essa opinião. Os próprios organizadores do festival já afirmaram, no passado, que o sertanejo não se adequava ao Rock in Rio. Em 2022, Roberta Medina declarou que o evento seguia uma linha mais voltada para o pop/rock e que a música sertaneja não tinha lugar ali.
É provável que o sucesso de Bruno Mars cantando “Evidências” no The Town, em 2023, tenha mudado a visão dos Medina (vale lembrar que The Town também é uma criação de Roberto). Embora ninguém tenha afirmado isso publicamente, fica claro que o objetivo é ver um público massivo entoando o que muitos chamam de “segundo hino nacional”. O que vai marcar o show de Chitãozinho & Xororó será “Evidências” e o vídeo desse momento, e não as outras músicas ou o próprio espetáculo.
A presença do sertanejo no Rock in Rio reflete a decadência do festival, que parece perdido em sua tentativa de se manter relevante. Em tempos passados, o evento era pioneiro em trazer novas tendências e apresentações inovadoras para o Brasil, mesmo que não se limitasse ao rock.
Inserir música sertaneja no Rock in Rio não representa uma ousadia, mas sim uma rendição a modismos que não têm relação com a essência do festival.
Talvez o Rock in Rio, como foi originalmente concebido, já não exista mais. O conceito se perdeu ao longo dos anos, e isso deveria ser reconhecido pelo público. Uma mudança de nome faria sentido. Que tal algo como “Music in Rio”? Afinal, o rock já não é mais o foco. Rock, de fato, é outra coisa.
P.S.: A edição deste ano não só “inovou” ao incluir o sertanejo, mas também deixou a desejar na escolha dos artistas de rock. Nomes como Deep Purple, que já não conseguem mais entregar uma boa performance ao vivo, Avenged Sevenfold, Imagine Dragons e Journey, que se baseiam mais na nostalgia do que em inovação, compõem o que pode ser o pior lineup da história do Rock in Rio. É, no mínimo, decepcionante.
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